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segunda-feira, dezembro 14, 2009

Diário de uma vestibulanda enganada. Ou não.

Sabem aquele papinho furado de pais sobre o vestibular? “Meu filho, faça medicina, faça direito, administração, cursos conceituados pra você se dar bem na vida”.

Quem é vestibulando ou já passou por essa fase sabe bem do que estou falando e que atire a primeira pedra aquele que no meio do caminho não quis mandar tudo pra puta que pariu.

Cresci ouvindo o papinho furado dos pais e comecei a me questionar sobre a real necessidade de faculdade e diploma quando uma amiga me perguntou:
“Aninha, realmente, você ta aqui no cursinho pré-vestibular pra quê? Porque na verdade eu acho que todo mundo está aqui por puro embalo.”
Eu não soube o que responder. Para passar no vestibular? Eu realmente quero? Nós realmente queremos? Desejamos mesmo nos graduar em algo ou a coisa só acontece por toda a pressão da sociedade em que vivemos? Quem nos garante que um diploma nos trará o tão sonhado dinheiro (pois acredito que muitos estão ali por isso)?

Para o vestibular desse ano, um dos cinco livros que tivemos de ler trata sobre morte, ressurreição, família, honra e essa coisarada toda. Na introdução às aulas do livro, o professor fez um discurso bem filósofo-depressivo para entendermos bem a “essência” da obra. Mas ele se empolgou. Começou a discursar sobre o sentido da vida, alegando que isso não existia e começou a nos questionar o porque de estarmos ali na aula dele.

Um aluno respondeu dizendo que estava no cursinho para passar no vestibular (jura?), o professor então perguntou por quê. Ele disse que queria um bom emprego, o professor novamente perguntou por quê. Pra ter dinheiro, uma vida boa. Por quê? Quero ter um carro bom, uma casa boa, viajar. Por quê? Pra ter uma família e nunca os faltar nada. Por quê? Eu quero viver bem, ter várias coisas, envelhecer tranquilo. Por quê??? Pra não ter de me preocupar com nada na minha velhice… POR QUÊ? (silêncio)… P… Pr… Pra morrer (aluno já quase chorando)?

SIM!!!!!!!!!

Ele alegou que o aluno (quase chorando) poderia ter incluído mil desejos de vida na sua lista, porém no final tudo resultaria em uma única coisa, a única certeza da qual o aluno podia ter certeza. Da sua própria morte.
“Você poderia ter uma Ferrari, poderia ser o fodão, poderia ter uma casa na montanha, poderia ser o Bill Gates, poderia ser um hippie da praça, poderia não ter porra nenhuma, e daí? Você poderia ser super rico e morrer amanhã, ou não. Nós só estamos vivos porque não estávamos no lugar errado na hora errada e o que nos mantêm vivo é busca pela tal felicidade e blá blá blá.”

Não vou entrar nesse assunto detalhadamente pois é algo que dá margem pra uma discussão pra lá de chata, envolvendo pessoas pra lá de chatas com suas opiniões pra lá de chatas.

Fiquei me imaginando morrer assim que entrasse na faculdade. Foi difícil imaginar essas coisas depois de todo o papinho furado dos pais sobre vida perfeita. (E depois de estudar que nem uma condenada).

Até o dia dessa aula eu já tinha feito minha inscrição pro vestibular para o curso de Direito, porém não tinha pagado ainda. E no fundo eu sempre quis fazer Letras, coisa inaceitável aqui em casa. Quando a aula terminou fui em uma lan house e mudei meu curso pra Letras, entrei numa agência e saquei o dinheiro do vestibular, entrei em outra agência e paguei o boleto.

Vou prestar o vestibular escondida pra letras, mas que se foda! Minha chance aumenta, pois a relação de candidato/vaga está muito baixa.
Dizem que a melhor fase é a da faculdade, então farei valer a pena e darei pra quantos caras eu aguentar, porque uma das poucas coisas que eu vejo agora que realmente valem a pena é sexo. E vai que eu morro mesmo depois de passar no prostibular? Quero pelo menos ter morrido feliz depois de ter crescido numa ilusão de vida perfeita graças ao papinho furado dos pais.
Termino aqui escutando Led Zeppelin e imaginando os gostosões da faculdade e todas as orgias… Combinação perfeita! E nunca acreditem no papo furado dos velhos, façam o que quiserem, tirem diploma se quiserem, afinal, vocês vão morrer mesmo! E se conselho vale de algo, saiam do computador e vão foder.

Sem mais.

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